quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Campanha decisiva para Baltazar

Ex-deputado tenta voltar à Câmara e assegurar sobrevivência na política de Volta Redonda


Quando se elegeu pela primeira vez deputado federal há 12 anos, após ter sido prefeito de Volta Redonda, Paulo Baltazar impressionou: somou quase 100 mil votos. Em 2006, com o nome envolvido nas denúncias do escândalo que se tornou conhecido como "Máfia dos Sanguessugas", viu sua votação minguar para não mais que 21 mil votos - pouco mais de 14 mil obtidos na cidade. Agora no PRTB - depois de uma passagem relâmpago pelo PT - o ex-deputado está de novo nas ruas das cidades da região à caça de votos, consciente de que a próxima eleição será decisiva para sua sobrevivência política. "É a campanha da reconstrução, é verdade", concorda o candidato, acrescentando: "É também uma questão de reparação de uma injustiça clara da eleição passada".

Baltazar até hoje reclama que não teve espaço para se defender da "calúnia e difamação" que considera ter sido vítima. E sustenta que o envolvimento de seu nome entre os "sanguessugas" tem relação com o fato de ter sido relator da CPI do Narcotráfico, citando que todos os componentes daquela comissão, inclusive o senador Magno Malta (ES), também foram vítimas: "Foi exatamente a mesma coisa. Na CPI, fizemos o levantamento de políticos e outros poderes envolvidos com o narcotráfico. Recebi ameaças, mas não esperava que fossem se concretizar de maneira tão sórdida".

Ou seja, quatro ano depois, Baltazar tenta virar o jogo decisivo tentando demonstrar que sofreu as consequências do seu modo de fazer política: "A minha trajetória não é do não enfrentamento dos problemas. Quando era prefeito, cheguei a ser preso defendendo o dinheiro público". Mas assegura que não passou, até agora, nenhum constrangimento com os eleitores pelas denúncias de quatro anos atrás.

- As pessoas até me estimulam. É claro que não espero isso de meus inimigos. Mas nunca agradei a todos e esta não é a minha preocupação - afirmou. Nesta tentativa de reconstruir sua imagem, diz que concorrer novamente a deputado é uma forma de demonstrar que não desistiu da vida pública. "Se deixasse de ser candidato, estaria passando a mensagem de que teria deixado de militar politicamente".

Certo de que está "reconquistando as pessoas", Baltazar não esconde que a mudança do PT para o PRTB foi puramente estratégica, porque no pequeno partido vislumbra a possibilidade de ser eleito. "No PT vão se eleger pessoas com mais de 80 mil votos, assim como no PMDB e DEM. No PRTB, é possível (a eleição) com 45 mil a 50 mil votos. Há quem diga que até com 35 mil. Então, estou disputando uma vaga. No PT, estaria contribuindo com a legenda, o que é meritório, mas no PRTB tenho uma chance objetiva de representar a região. O partido acredita que eu possa ser o primeiro ou o segundo da legenda".

Neste ponto - não considerando a reeleição dada como certa de Luiz Sérgio (PT), por Angra dos Reis estar mais para a Costa Verde - o ex-deputado abre um parêntesis para revelar preocupação de que o Sul Fluminense hoje com dois deputados federais (Deley, do PSC, e Cida Diogo, do PT, que decidiu concorrer à Alerj) fique sem representantes em Brasília, devido à disputa desigual com colégios eleitorais maiores, como o Grande Rio. De volta ao que significa para ele a eleição de outubro, garante que se sente equilibrado, principalmente por ter recuperado seu espaço como médico (trabalhando em Resende e Quatis): "Fui dar plantão para ganhar R$ 2 mil, R$ 3 mil, porque preciso sobreviver. Vivo do meu salário. Mas a política tem na minha vida um sentido quase espiritual. O sofrimento que passei me fez acumular humildade. Tem muita porcaria na política, muita gente que não presta, mas é necessária para promover justiça social".

Universidade é uma das promessas de campanha

O candidato Paulo Baltazar ressaltou algumas promessas de campanha na entrevista ao FOCO REGIONAL: uma das principais, segundo apontou, é brigar por uma universidade tecnológica pública para o Sul Fluminense. "Temos a região mais industrializada do estado e carência de formação técnica. Podemos formar mão de obra não somente para a região como para outras", disse o candidato, que considera a iniciativa viável se houver união dos governos federal e estadual.

Baltazar também mencionou o Hospital Regional, que será erguido em Volta Redonda. Dizendo que defende o empreendimento "desde o tempo em que Anthony Garotinho era governador", ele disse que é preciso que haja garantias que a manutenção do hospital terá a participação dos governos federal e estadual, para não se tornar um elefante branco. "É o que vai acontecer se o custeio for só dos municípios", alertou, para dizer em seguida que o hospital tem que "ser de excelência para garantir o que não se faz ou que não se faz direito na região".

- E é preciso também pagar salários dignos aos profissionais de saúde, senão vai acontecer o mesmo problema da falta de médicos - declarou. Outra ideia que defende é transformar o desativado hospital psiquiátrico de Vargem Alegre num centro de excelência em tratamento para dependentes químicos, também com apoio das outras duas esferas de governo.

Por fim, Baltazar disse também que, se for eleito, vai atuar para que o trem-bala tenha uma parada garantida na região. Ele lembrou que o edital da concessão prevê que esta parada "pode" ser feita no Vale do Paraíba Fluminense, mas não é uma exigência. "E o trem-bala é um fator de desenvolvimento", finalizou Baltazar que até o fechamento desta edição, na sexta-feira (20), ainda aguardava o julgamento de um recurso para ter sua candidatura deferida no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), já que o Tribunal Regional Eleitoral do Rio lhe negou o registro por questões de documentação, segundo ele, referente a cartas precatórias do tempo em que foi prefeito de Volta Redonda.

Matéria publicada no Jornal Foco Regional:

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