BALTAZAR- Acredito que quando uma pessoa se sinta injustiçada, quando há conflito, dúvidas, a Justiça é o caminho natural em um Estado Democrático de Direito. Portanto é preciso avaliar caso a caso.
CORREIO DE NOTICIAS - O que o Sr. defende nesse assunto?
BALTAZAR- Acredito que se deva avaliar o tipo de processo que o candidato responde. Até porque é muito difícil que um homem público, sobretudo quem já ocupou um cargo executivo como eu, que fui prefeito de Volta Redonda, não tenha contrariado muitos interesses. Lembro-me que fui preso quando era prefeito por defender o dinheiro público de Volta Redonda. Pois é, o juiz que mandou me prender abriu processo contra mim por desobediência a uma ordem judicial e só obtive vitória anos depois no Supremo Tribunal Federal. Respondi a processo até por ter dado aumento justo aos funcionários públicos.
CORREIO DE NOTICIAS - O Sr. tem uma ficha limpa?
BALTAZAR- Tenho não só a ficha, mas a consciência limpa.
CORREIO DE NOTICIAS - Qual a sua posição sobre o financiamento de campanha? Ele deve acontecer com verbas públicas ou, como está acontecendo, oriundas de doações de particulares?
BALTAZAR- O financiamento de campanhas com verbas públicas, na teoria, é uma alternativa viável para que o processo eleitoral transcorra de forma mais igualitária, evitando por exemplo que candidatos que estejam “a serviço” de alguma bancada recebam verbas milionárias de empresas ou pessoas do setor relacionado. Por outro lado, a maioria acredita que as verbas públicas não devam ser desperdiçadas em algo como financiamento de campanha, priorizando a saúde, educação e outras áreas. Entretanto, em qualquer que seja a alternativa, é preciso regras rígidas e fiscalização severa.
CORREIO DE NOTICIAS - E sobre a identificação do doador , o Sr. acha que esse procedimento não inibe as doações?
BALTAZAR- Sim, de uma certa forma inibe. Um empresário que forneça para uma prefeitura, por exemplo, pode se sentir desconfortável ou até mesmo receber ameaças caso faça doações para adversários do grupo político que está no poder. Já vimos muito isso acontecer. Mas por outro lado, a identificação é benéfica pois permite o eleitor e os tribunais eleitorais verificar qualquer irregularidade.
CORREIO DE NOTICIAS - O Sr. acha que as doações volumosas de empresas acabam por atrapalhar o processo eleitoral e se tornar, até mesmo, um fator de corrupção nas eleições?
BALTAZAR- Sim. Um deputado que receba uma grande quantia de doação de uma determinada empresa, por exemplo, acaba ficando preso aos interesses dessa empresa ou setor, legislando em “causa própria”.
CORREIO DE NOTICIAS - As grandes doações feitas por empresas não podem ser um fator de desigualdade para aqueles candidatos "nanicos" que não tem acesso a essas empresas?
BALTAZAR- Sim, e é por isso que deve haver uma fiscalização rigorosa por parte das autoridades e um acompanhamento por parte do eleitor, que deve verificar que “interesses” o candidato representa.
CORREIO DE NOTICIAS - O Sr. acha que se o financiamento pelo setor privado for proibido, as doações irregulares, na surdina, através de um possível "caixa dois" vão continuar ocorrendo?
BALTAZAR- Sempre existem aqueles que querem burlar as leis, ignorar as regras. Portanto é possível que o “caixa dois” continue existindo. Mas repito, é preciso fiscalizar, estar atento.
CORREIO DE NOTICIAS - O fato da Justiça Eleitoral ter estabelecido uma prestação de contas mensal atrapalhou os candidatos? O Senhor em especial?
BALTAZAR- De forma alguma. A prestação de contas mensal só atrapalha aqueles que não trabalham de forma transparente.
CORREIO DE NOTICIAS - Como o Sr. vê a questão da reforma política?
BALTAZAR- É uma reforma extremamente necessária, assim como a reforma tributária e outras. Infelizmente são propostas que vêm sendo abordadas e prometidas ao longo dos anos, mas é preciso vontade política do governo para aprová-las e colocá-las em prática.
CORREIO DE NOTICIAS - Ela deve acontecer nessa próxima legislatura?
BALTAZAR- No que depender de mim, se for eleito, vou lutar para que saiam do papel.
CORREIO DE NOTICIAS - O Sr. acha exagerado o número de partidos existentes atualmente?
BALTAZAR- O nosso sistema político permite essa criação, algumas vezes até arbitrária, de partidos políticos. O sujeito está em um partido mas fica insatisfeito por um motivo qualquer e resolve sair e fundar o próprio partido, sem se preocupar com a questão ideológica. O bom é que hoje temos a fidelidade partidária, que evita o troca troca e inibe a criação de novos partidos.
CORREIO DE NOTICIAS - O excesso de partidos não prejudica a qualidade de uma eleição?
BALTAZAR- Penso que o excesso acaba por confundir o eleitor. Por isso vemos tão poucos votos de legenda, porque no Brasil, em via de regra, o eleitor vota no candidato, geralmente independente da ideologia do partido dele.
CORREIO DE NOTICIAS - Todo mundo sabe que a pré-campanha existe e que os candidatos e os Partidos se utilizam desse mecanismo para se promoverem, porém a Justiça Eleitoral proíbe e diz que não existe. O Sr. acha que a pré-campanha deveria ser regulamentada?
BALTAZAR- O que geralmente se chama de pré-campanha é a movimentação nos bastidores e dentro dos partidos: quem vai se candidatar, quem vai apoiar quem, etc. O que acontece muito é que alguns interessados em ser candidatos acabam por utilizar algum tipo de mídia para se promover. Isso já é regulamentado, sendo proibido pela legislação e fiscalizado pela Justiça Eleitoral.
CORREIO DE NOTICIAS - A mudança do Sr. para um partido pequeno não pode lhe prejudicar na disputa eleitoral?
BALTAZAR- No PT vão se eleger pessoas com mais de 80 mil votos, assim como no PMDB e DEM. No PRTB, é possível (a eleição) com 45 mil a 50 mil votos. Há quem diga que até com 35 mil. Então, estou disputando uma vaga. No PT, estaria contribuindo com a legenda, o que é meritório, mas no PRTB tenho uma chance objetiva de representar a região. O partido acredita que eu possa ser o primeiro ou o segundo da legenda.
CORREIO DE NOTICIAS - De que forma que o Sr. está tratando o seu programa? O que ele tem que poderá beneficiar a população da região Sul Fluminense e do Estado como um todo?
BALTAZAR- Sempre pautei meu trabalho dentro de uma visão de desenvolvimento integrado. Não acredito no desenvolvimento isolado de uma cidade. Já na época em que fui prefeito de Volta Redonda propus um projeto de desenvolvimento conjunto chamado Mercovale. Era um plano estratégico justamente para prever e planejar o crescimento integrado da região a longo prazo. O Mercovale previa, por exemplo, o Hospital Regional e o Cacon (Centro de Alta Complexidade em Oncologia), que é uma unidade do Inca para o tratamento de câncer. São dois exemplos, só na área da saúde, de estruturas que vão atender a todas as cidades da região. Então é preciso estar dentro de um planejamento e uma visão regional, inclusive para outras áreas, o que sempre defendi.
CORREIO DE NOTICIAS - Temos visto candidatos que apresentam um programa, disputam uma eleição por um Partido e depois mudam inteiramente o seu comportamento quando eleitos. O Sr. está comprometido com a implementação do programa que tem anunciado aos eleitores?
BALTAZAR- O povo me conhece, sabe que quando assumo um compromisso vou até o fim. Foi assim com a Rodovia do Contorno, por exemplo. Comecei a construção quando fui prefeito de Volta Redonda e continuei o trabalho como deputado federal, conseguindo a liberação de verbas para sua conclusão. Foi assim também quando fui relator da CPI do Narcotráfico. Mostrei como as drogas se infiltram em todas as camadas da sociedade, inclusive na política e recebi ameaças pessoais e contra minha família. Por isso fui injustamente atacado nas últimas eleições, quando citaram meu nome na CPI das Ambulâncias com calúnias e difamações que nunca conseguiram provar. Paguei o preço com meu mandato pela coragem de enfrentar os poderosos do tráfico. Mas não esmoreci, porque quem não deve, não teme e não treme.
CORREIO DE NOTICIAS - O Sr. já se elegeu antes deputado. Durante esse período quais projetos seus beneficiou de alguma forma a população das cidades da região Sul Fluminense ou do Estado do Rio?
BALTAZAR- Fui eleito duas vezes consecutivas deputado federal. Na primeira eleição obtive a maior votação da história do sul do estado. Trouxe mais de R$ 41milhões em emendas individuais e de bancada para a região. Através de emendas individuais, em 2006 e 2007 implantei 50 núcleos do projeto Esporte Você em Volta Redonda, Barra do Piraí, Barra Mansa, Resende, Porto Real, Quatis e Itatiaia, ofereci atividades esportivas e de lazer gratuitas para as comunidades. Também fiz parte de importantes comissões na Câmara. Fui subrelator da CPI do Narcotráfico, vice-presidente da CPMI do Mensalão, titular da CPI do Tráfico de Armas e duas vezes presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, sendo o primeiro deputado da região a presidir uma das comissões permanentes da Câmara. Também fiz parte do Grupo de Trabalho de Segurança Nuclear, que investigou as condições do sistema de energia nuclear no Brasil.
CORREIO DE NOTICIAS - Qual o motivo que leva o Sr. a se candidatar novamente a uma vaga de deputado nas próximas eleições?
BALTAZAR- O povo me conhece, conhece minha história, minha trajetória de luta, enfim, conhece minha vida. Sabe que sempre fiz muito por Volta Redonda e pela nossa região. Desenvolvi trabalhos importantes como deputado federal. Trabalhei nas CPIs do Narcotráfico e do Mensalão, fui presidente da Comissão de Meio Ambiente e trouxe recursos para os projetos mais importantes da região. Fui líder do PSB na Câmara e a voz da nossa região em Brasília. Mas também fiz muito por Volta Redonda como prefeito. Peguei uma prefeitura falida e aumentei a arrecadação em mais de 400%, o que possibilitou realizar diversas obras, principalmente na saúde, na educação e na infraestrutura. É por isso que eu estou de volta, para dar continuidade ao meu trabalho de luta e dignidade à população.
CORREIO DE NOTICIAS - Cite algumas das suas realizações na vida política que tenha beneficiado a região Sul Fluminense e até mesmo o Estado quando ocupou a Prefeitura de Volta redonda ou a Câmara dos Deputados?
BALTAZAR- Como prefeito saneei as finanças da prefeitura de Volta Redonda, elevando a arrecadação de R$ 40 milhões para R$ 160 milhões, Implantei o Orçamento Participativo, construí mais de 250 quilômetros de redes de água e esgoto na periferia, criei o Plano de Cargos e Salários do funcionalismo e comecei a construção da Rodovia do Contorno. Elevei Volta Redonda à primeira cidade em qualidade de vida do interior do estado em 1995 e fui apontado pela Pesquisa Vox Populi do Jornal do Brasil de 1996 como o melhor prefeito entre as 15 maiores cidades do estado do Rio.
Como deputado federal fiz parte de importantes comissões na Câmara. Fui subrelator da CPI do Narcotráfico, presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, vice-presidente da CPI do Mensalão, titular da CPI do Tráfico de Armas e coordenador do Grupo de Trabalho de Segurança Nuclear. Trouxe milhões de reais em investimentos para a região Sul, inclusive os recursos necessários para a conclusão da Rodovia do Contorno e para implantação de projetos de esporte e lazer para comunidades em diversas cidades da região. Liberei recursos para realização do projeto de retirada do Pátio de Manobras de Barra Mansa, que foi o primeiro passo para a concretização da obra, que hoje está em andamento.
CORREIO DE NOTICIAS - Fale-nos a respeito dos seus projetos e como eles beneficiarão a região?
BALTAZAR- Podemos citar vários projetos, principalmente na área de geração de empregos e infraestrutura. Por exemplo, a duplicação da Via Dutra, principalmente na Serra das Araras, que é um ponto de estrangulamento para desenvolvimento regional. Também podemos citar a construção do Aeroporto Regional e a implantação do Trem Bala, com uma parada obrigatória em uma das cidades da região. Ainda sobre o transporte ferroviário, outro projeto é o Metrô de Superfície, que é a ligação ferroviária entre Volta Redonda e Itatiaia, já prevista no edital de concessão da MRS e com estudo de viabilidade no BNDES.
Lutarei também pela implantação de uma Universidade Tecnológica do Sul, o que deverá fazer com que a região seja reconhecida como formadora e até exportadora de mão de obra qualificada. Temos a região mais industrializada do estado e carência de formação técnica. Podemos formar mão de obra não somente para a região como para outras. Por isso, a união dos governos federal e estadual e também de suma importância.
Além da qualificação profissional e geração de empregos, outra área importante para nossa região é a Saúde. O Hospital Regional, por exemplo, precisa ter sua manutenção definida com recursos federal, estadual e do consórcio de municípios. É preciso definir seu perfil, que deve ser um hospital de excelência, fazendo atendimento daquilo que não é feito na região ou é feito de forma deficitária. É importante para o hospital não se transformar em um elefante branco. Outra luta que é importante é para definir um piso salarial para a área de saúde, valorizando as diferentes categorias profissionais do setor. É impossível oferecer uma saúde de qualidade para o cidadão com salários aviltantes para os profissionais.
CORREIO DE NOTICIAS - Espaço livre para sua mensagem.
BALTAZAR- Sempre estive do lado do povo. Minha história mostra isso. Fui o único a fazer um enfrentamento à oposição, à corrupção e à desordem que tomavam conta de Volta Redonda. Quando fui prefeito da cidade cheguei a ser preso por não concordar em entregar 1/3 da arrecadação municipal a um pequeno grupo de funcionários que exigiam a equiparação com a Câmara de Vereadores. Na época a arrecadação de Volta Redonda era de apenas R$ 40 milhões. Não havia condição de realizar este pagamento. O juiz mandou me processar por desobediência à ordem judicial. Mas me mantive firme, porque estava defendendo o dinheiro público. Sempre fui um político de enfrentamento, por isso, quando fui deputado federal atuei na CPI do Narcotráfico e recebi muitas ameaças. Como relator da CPI mostrei como o tráfico de drogas se infiltra em toda a sociedade, inclusive na política. Muitos políticos, inclusive, se elegem com recursos do narcotráfico. Por isso envolveram meu nome na questão das ambulâncias. Mas depois de quatro anos não conseguiram prova alguma contra mim. Tenho a ficha e a consciência limpas. Não devo, não tremo e não temo. Por isso estou de volta para continuar minha luta.